Você sabe o que é a taxa DI? Ela tem um papel importante para seus investimentos, principalmente, em Renda Fixa. Confira como ela funciona!
Entender o que é a taxa DI é fundamental para quem investe seu dinheiro no mercado, em especial na Renda Fixa. Isso acontece porque esse é um indexador relevante para a rentabilidade de diversos títulos na classe.
Ainda, a taxa DI pode ser usada como referência para a análise dos seus retornos no mercado — mesmo para investimentos em outras classes. Entretanto, é comum que investidores, especialmente iniciantes, não saibam como ela funciona ou como influencia os investimentos, por exemplo.
Para ajudá-lo a entender o tema, neste texto você conhecerá o que é a taxa DI, para que ela serve e como ela impacta os seus investimentos.
Aproveite a leitura!
O que é a taxa DI?
A taxa DI é uma taxa de juros aplicada no mercado interbancário brasileiro, quando instituições financeiras fazem empréstimos de curtíssimo prazo entre si. Inclusive, a sigla DI é de Depósito Interbancário.
Essas operações acontecem devido a uma norma do Banco Central (Bacen). A entidade determina que todos os bancos brasileiros precisam fechar o dia com saldo positivo em caixa. A determinação tem a finalidade de evitar que o sistema financeiro lide com riscos de quebra pelas dívidas dos bancos.
Para que o caixa não fique negativo ao final do dia, as instituições fazem empréstimos entre si, os quais são chamados de negociações interbancárias (entre bancos). Para operacionalizá-los, as instituições utilizam um título chamado Certificado de Depósito Interbancário, conhecido no mercado como CDI.
Vale destacar que o CDI e a taxa DI não são sinônimos, apesar de serem relacionados. Na prática, a taxa DI se refere à média dos juros cobrados na negociação desses títulos. Porém, dada a relação próxima entre indicador e título, é comum que ambos sejam chamados de CDI.
Como funciona a taxa DI?
Agora que você sabe o que é a taxa DI, é preciso compreender como ela funciona. Como você viu, a negociação dos CDIs entre instituições financeiras acontece para que elas não encerrem o dia com caixa no vermelho.
Nesse contexto, um órgão fundamental para o funcionamento da taxa é a Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos Privados, a Cetip. Fundada em 1984, ela se juntou à BM&FBovespa em 2017, dando origem à B3, atual bolsa de valores brasileira.
A Cetip é uma empresa com finalidade de oferecer serviços de integralização do mercado financeiro. Ela operacionaliza diversas transações bancárias, faz a custódia de diversos ativos e a liquidação de investimentos.
Portanto, a Cetip realiza a intermediação das negociações diárias entre os bancos, registrando as operações com os CDIs. A partir desse processo, ela faz uma média diária das taxas aplicadas entre as instituições financeiras.
Como a taxa DI é calculada?
Como você viu, o controle da negociação dos CDIs é feito pela Cetip, que usa os dados para o cálculo da taxa DI. No momento de computar as informações, ela considera as operações de depósitos interfinanceiros prefixados, com um prazo de um dia útil.
Também é essencial ressaltar que apenas são consideradas as negociações realizadas entre dois conglomerados diferentes. Neste sentido, são adotadas duas condições para o cálculo:
- o número de negociações elegíveis para o cálculo da taxa DI deve ser igual ou maior do que 100;
- a soma dos volumes das operações elegíveis para o cálculo da taxa DI deve ser igual ou maior do que R$ 30 bilhões.
Assim, esses dois requisitos devem ser preenchidos no dia da apuração da taxa DI. Se ao menos um deles não for cumprido, a taxa DI será igual à taxa Selic Over divulgada naquele dia. Se, por qualquer motivo, a Selic Over não for divulgada até às 21h do dia, será utilizado o número do dia anterior.
Vale a pena destacar que a Selic Over é a taxa média de juros aplicada em operações com títulos públicos federais no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic). O “Over” vem de “Overnight”, ou durante a noite, em tradução livre.
Por outro lado, quando os dois requisitos são cumpridos, será aplicada a seguinte fórmula matemática para cálculo da taxa DI:
DIi = [(VRi/VEi)252– 1] x 100
Cada termo corresponde às seguintes variáveis:
- DIi: taxa DI da i-ésima negociação, calculada com arredondamento de 2 casas decimais;
- VRi: valor de resgate da i-ésima negociação, informado com 2 casas decimais;
- VEi: valor de emissão da i-ésima negociação, informado com 2 casas decimais.
Para que serve a taxa DI?
Chegando até aqui, você já viu que a taxa DI é utilizada pelos bancos em seus empréstimos entre instituições. Mas não é somente para essa finalidade que ela existe. Como o índice reflete negociações importantes do mercado financeiro, ele também é utilizado como parâmetro em outras áreas.
Por exemplo, quem procura títulos de Renda Fixa para investir deve considerar a lógica de rentabilidade — como prefixada, pós-fixada ou híbrida. No caso do retorno pós-fixado, muitas vezes ele é definido como um percentual do CDI.
Por exemplo: uma aplicação com rentabilidade de 110% do CDI ao ano. Como você viu, CDI e taxa DI não são exatamente sinônimos, mas muitas vezes são tratados assim. Então se você encontrar um título que rende 110% do CDI, a referência será o percentual indicado pela taxa DI.
Vale destacar que, quando os títulos são prefixados, a taxa de juros é definida previamente e não sofrerá mudanças até o vencimento. Enquanto isso, nos títulos pós-fixados, o potencial de ganhos acompanha o seu benchmark.
Caso ele siga a taxa DI, a rentabilidade pode aumentar ou diminuir conforme o índice varia. Portanto, títulos do tipo permitem acompanhar as movimentações do mercado.
Ademais, por ser próximo da taxa básica de juros da economia brasileira, diversas instituições utilizam o CDI como um benchmark de suas negociações para rentabilidade. Além disso, a taxa DI é usada como benchmark de fundos de investimento, principalmente, aqueles de Renda Fixa.
Qual a diferença entre CDI, Selic e IPCA?
Após entender o que é a taxa DI, é fundamental que você compreenda como ela se diferencia de outros conceitos relevantes na economia e que influenciam investimentos de Renda Fixa.
Confira!
Selic
Além da taxa DI, outro número de destaque no mercado brasileiro é a Selic, que é a taxa básica de juros da economia no Brasil. O nome é uma sigla para Sistema Especial de Liquidação e de Custódia.
Ela se divide em duas taxas. A Selic Over é a taxa de juros média do sistema, como você já aprendeu. Já a Selic Meta é definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Bacen e serve de referência para o mercado.
Isso acontece porque, como taxa básica de juros da economia, a Selic baliza a cobrança de juros pelo mercado — tanto nas operações interbancárias quanto para pessoas físicas e jurídicas. Ademais, ela é o principal instrumento da política monetária do Bacen para controle da inflação.
Por exemplo, se os preços aumentam, o Copom tende a optar por elevar a Selic com objetivo de esfriar a economia e trazer a inflação para a meta. Já juros baixos costumam funcionar como incentivo para a atividade econômica.
A Selic também é um mecanismo relevante no que se refere à atração de capital estrangeiro. Geralmente, juros altos no Brasil podem ser um incentivo para investidores de outros países trazerem seus recursos para cá — gerando reflexos na taxa de câmbio, como o preço do dólar.
Assim como acontece com a taxa DI, a Selic é usada como indexadora de investimentos na Renda Fixa. Um dos principais exemplos é o Tesouro Selic, um título público pós-fixado do Tesouro Direto.
Apesar dessas diferenças, é comum que a taxa DI e a taxa Selic estejam muito próximas. A variação costuma ser de poucos pontos decimais entre as duas, com o CDI sendo ligeiramente inferior.
IPCA
O IPCA é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo. Ele é o indicador oficial da inflação no Brasil, sendo medido todos os meses pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Ele apura a variação de preços de um conjunto de produtos e serviços consumidos por famílias com renda mensal entre 1 e 40 salários-mínimos em áreas urbanas. O acompanhamento é feito diariamente em metrópoles de todas as regiões do Brasil.
O cálculo se dá a partir de uma média ponderada, em que cada cidade e item tem um peso diferente. A partir dele, o IBGE mostra se houve inflação (aumento de preços) ou deflação (queda) no período analisado.
O acumulado anual do IPCA apresenta a inflação oficial do Brasil. Logo, é para ele que o Conselho Monetário Nacional (CMN) traça a meta de inflação que a taxa Selic, junto de outros mecanismos, terá de controlar.
Por causa da política monetária, o IPCA tem uma relação próxima com a taxa Selic e, consequentemente, com a taxa DI. Afinal, quando ele sobe, os juros do mercado também podem ser elevados.
Assim como CDI e Selic, o IPCA é um indexador para diversos investimentos de Renda Fixa. Neste caso, as aplicações são híbridas, combinando um percentual variável (IPCA) mais uma taxa fixa garantida no vencimento.
Como saber qual é a taxa DI?
Uma dúvida comum dos investidores diz respeito ao acompanhamento da taxa DI. Isto acontece porque conhecer a sua progressão e os resultados históricos pode ajudar no momento de fazer análises do mercado.
O percentual atual da taxa DI pode ser encontrado no próprio site da B3. No cabeçalho da página, há diversos índices e taxas do mercado financeiro, que podem servir para seu acompanhamento.
Ademais, é possível utilizar a calculadora de renda fixa da B3 para avaliar investimentos. Nela, você conseguirá fazer simulações de quanto renderia o seu dinheiro investido, atrelado à taxa DI. Vale destacar que ela contém números passados da taxa, apenas para fins de conhecimento e cálculo.
Se você quiser acompanhar como foram os resultados da taxa DI ao longo dos anos, também pode fazê-lo pelo site da B3, em que há uma área com a série histórica. Os resultados divulgados iniciam em julho de 1994, mês em que a moeda oficial do Brasil passou a ser o real. Para datas anteriores, não há dados oficiais sobre a taxa DI
Quais fatores influenciam a taxa DI?
Após entender o que é e como funciona a taxa DI, é indispensável conhecer os fatores que a influenciam. Afinal, além de mudar o percentual da taxa, eles podem impactar seus rendimentos no mercado.
Veja quais são os principais fatores de destaque:
- oferta e demanda de dinheiro: a demanda por dinheiro entre as instituições financeiras varia segundo a necessidade de caixa para realizar as operações e cumprir regras regulatórias. Quando ela é alta, a demanda pode pressionar a taxa DI para cima;
- taxa Selic: como você já sabe, as duas tendem a ser bem próximas. Então, aumentos e cortes na taxa básica de juros influenciam diretamente na taxa DI;
- inflação: por último, há as variações de preço no mercado que fazem o IPCA subir, podendo levar a um aumento da Selic e, como consequência, da taxa DI.
Como a taxa DI afeta os investimentos?
Após entender mais a fundo o que é a taxa DI e como ela é influenciada por diversos fatores do mercado, é hora de saber como isso se traduz no mercado financeiro. Como você já viu, há muitos investimentos que usam o CDI como referência para seus retornos.
Confira quais são alguns deles!
CDB
Os CDBs são os Certificados de Depósitos Bancários. Eles são títulos de Renda Fixa emitidos por instituições financeiras. Dessa forma, quem investe em um CDB está comprando um título de dívida de um banco, emprestando dinheiro à instituição.
No momento do resgate, o investidor terá o direito de receber o dinheiro que aportou mais os juros combinados, cuja regra de retorno é estabelecida de antemão. Como esse é um investimento de Renda Fixa, a rentabilidade pode se dar de três formas:
- pós-fixada: a remuneração segue um índice financeiro utilizado no mercado;
- prefixada: a remuneração é baseada em um percentual fixo por ano;
- híbrida: a remuneração é atrelada a um índice financeiro mais um percentual fixo.
É muito comum que a remuneração pós-fixada seja calculada de acordo com uma porcentagem da taxa DI. Assim, os investidores têm os seus ganhos baseados nesse índice financeiro. Então quando o CDI sobe, seu investimento em um CDB indexado por ele também terá retornos maiores.
No caso dos títulos prefixados, essa influência acontece de maneira indireta. Em geral, um aumento na Selic — e, consequentemente, no CDI — faz com que os novos títulos prefixados ofereçam um retorno mais elevado.
Em termos de proteção, os CDBs têm a cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) para até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ e instituição financeira. O limite global é de R$ 1 milhão, renovável a cada 4 anos.
Ainda, os CDBs são investimentos cujos lucros são tributados pelo Imposto de Renda (IR). As alíquotas são regressivas e variam com o período de aplicação. Veja como funciona:
- até 180 dias: 22,5%;
- de 181 a 360 dias: 20%;
- de 361 a 720 dias: 17,5%;
- acima de 720 dias: 15%.
LCI e LCA
As Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA) funcionam de forma muito parecida com os CDBs. No entanto, os montantes levantados com esses títulos devem ser utilizados pelo emissor em serviços do setor imobiliário ou do agro, respectivamente.
Eles também pagam uma remuneração que pode ser prefixada, pós-fixada ou híbrida. No caso dos títulos pós-fixados, o principal índice utilizado é o CDI. Outra similaridade entre LCI, LCA e CDB é a proteção do FGC — seguindo as mesmas regras.
Mas uma diferença desses títulos é a isenção do pagamento de Imposto de Renda sobre o ganho de capital para pessoa física. Esta característica atua como um incentivo para a entrada de investidores, que financiam setores-chave na economia.
Desse modo, os investidores podem ter rentabilidade líquida mais alta com elas. Contudo, LCIs e LCAs são títulos que costumam ter menor liquidez.
CRI e CRA
Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e do Agronegócio (CRA) são títulos bastante similares às LCIs e LCAs. Além do lastro nos mesmos mercados, há isenção de IR sobre os lucros para pessoas físicas e muitos seguem o percentual do CDI.
Entretanto, a emissão acontece a partir do processo de securitização. Por exemplo, uma empresa do agro pode fazer antecipação de recebíveis. Neste caso, há uma transferência de direitos creditórios, que são securitizados e transformados em CRAs.
Como não há cobertura do FGC, os riscos dessas aplicações são mais altos. Em troca, o rendimento delas tende a ser mais elevado. Além disso, os CRIs e CRAs costumam ter baixa liquidez.
Debêntures
Debêntures são títulos de dívida emitidos por sociedades anônimas, sendo uma forma de captar dinheiro sem recorrer a empréstimos bancários. Assim como outros títulos, a rentabilidade das debêntures pode ser prefixada, pós-fixada atrelada ao CDI ou híbrida, com prazos variáveis.
As debêntures se dividem em diferentes tipos, como:
- simples: pagam o rendimento em dinheiro;
- conversíveis: podem ser trocadas por ações da empresa emissora;
- incentivadas: ligadas a projetos de infraestrutura das empresas e isentas de IR para os investidores.
Convém destacar que debêntures não têm a proteção do Fundo Garantidor de Créditos, de modo similar aos CRIs e CRAs. Logo, os riscos podem ser mais altos, bem como o potencial de retorno.
Fundos de investimento
A taxa DI também afeta os Fundos de Investimento. Eles são veículos coletivos do mercado que contam com uma gestão profissional, a qual realiza operações seguindo uma estratégia predefinida. O investimento acontece a partir da compra de cotas, permitindo que os investidores participem dos resultados.
Há diversos exemplos de veículos desse tipo no mercado, como:
- Fundos de Renda Fixa: portfólio composto majoritariamente por títulos dessa classe;
- Fundos de Ações: priorizam o investimento em Ações e ativos, e derivativos relacionados a elas;
- Fundos Multimercados: contam com uma estratégia mais flexível de investimento;
- Fundos Internacionais: favorecem a alocação dos recursos em ativos ligados ao mercado global.
Os Fundos de Investimento com gestão ativa costumam ter um benchmark de performance — que pode ser o CDI, em diversos casos, nos quais o objetivo da gestão costuma ser superar o percentual.
Também existem os fundos DI, cujo portfólio é composto por títulos com rentabilidade indexada pela Selic e o CDI. Nesta situação, o objetivo é alcançar um resultado equivalente à taxa DI e proporcionar mais segurança ao investidor.
Entre os custos que os investidores lidam, estão a taxa de administração, definida pelo fundo, e o Imposto de Renda, conforme a classificação do veículo. No caso dos fundos de gestão ativa, tende a incidir a taxa de performance, cobrada sobre o rendimento conquistado que exceder o benchmark.
Como usar a taxa DI para tomar decisões de investimentos?
Entendeu as principais características da taxa DI? Então, chegou o momento de compreender como usá-la para tomar decisões de investimento no mercado.
Primeiramente, você já viu que essa taxa serve como referência para diversas aplicações entre os títulos privados. Portanto, avalie o percentual atual da taxa e como é a remuneração do título segundo o indicador — se é 100% dele ou se apresenta um valor maior ou menor.
Depois, vale a pena analisar as projeções. Todas as segundas-feiras, o Bacen publica o Boletim Focus. Este é um material composto por previsões de analistas para indicadores econômicos, como a Selic.
Você pode usar essas informações para entender quais as expectativas para a taxa básica de juros — que impactarão a taxa DI. Por exemplo, se a tendência é de alta na taxa Selic, os retornos de títulos indexados pelo CDI aumentarão.
Além do percentual de retorno, é preciso analisar a relação entre risco e retorno do título. Em certos casos, os ativos podem ter potenciais de retornos mais altos em relação à taxa DI, mas ter uma exposição maior aos riscos.
Também avalie o prazo do investimento e se ele oferece liquidez. Por exemplo, se não houver liquidez e o vencimento for distante, você ficará mais vulnerável a eventuais alterações mais expressivas nos juros.
Como você percebeu, a taxa DI é um fator relevante para o mercado financeiro e para a economia brasileira. Como ela é utilizada diariamente e diversos títulos têm a rentabilidade atrelada a ela, é fundamental que o investidor acompanhe os seus resultados.
Fonte: BTG
0 comentários