A bolsa de valores conta com diversos mecanismos responsáveis por evitar perdas no mercado de ações e fazer com que os investimentos sejam mais seguros para todos os envolvidos. Se você está pesquisando esse setor há algum tempo, provavelmente já ouviu o termo circuit breaker.

Essa ferramenta é essencial para momentos de pânico, crise ou euforia, que geralmente acompanham grandes transformações na sociedade. Criada no fim da década de 1980, foi usada poucas vezes em toda a história da bolsa.

Mas você sabe exatamente como ela impacta o mercado e como é seu funcionamento quando ativado? Neste artigo, você encontrará as respostas para essas questões e entenderá a importância desse recurso no mercado de ações.

Afinal, nos últimos tempos, ele precisou ser usado mais uma vez devido a um acontecimento importante e muito alarmante: a pandemia do coronavírus. Continue a leitura e confira!

O que é circuit breaker?

O circuit breaker é um mecanismo que trava toda e qualquer operação na bolsa de valores quando há um momento crítico no mercado, seja ele de crise ou de temor. Ele tem como principal objetivo proteger e acalmar a volatilidade excessiva do mercado financeiro.

Assim, ele impede a realização de negociações, promove o ganho de tempo para que os investidores analisem suas possibilidades e traz oportunidades para que novas estratégias sejam formuladas. No Brasil, ele afeta principalmente o Índice Bovespa (Ibovespa) — o principal índice de ações no país.

Quando foi criado?

O conceito de circuit breaker foi colocado em prática pela primeira vez em 1987, nos Estados Unidos, durante um evento denominado Black Monday. Nessa ocasião, o índice americano Dow Jones caiu 22,6%, representando a maior queda percentual do índice em um dia.

Além disso, a queda afetou diversos outros índices em nível global. Após o acontecimento, o Federal Reserve Board, que funciona como o Banco Central dos Estados Unidos, e as bolsas de valores norte-americanas criaram o circuit breaker.

O objetivo era promover a interrupção temporária das negociações, com intuito de dar um tempo para os investidores avaliarem a situação e tomarem decisões com maior cautela.

Quais são as regras do circuit breaker?

Nem todas as situações de crise permitem que esse recurso seja executado. Para que ele aconteça, algumas regras básicas devem ser respeitadas.

No Brasil, por exemplo, ele acontece da seguinte forma:

  • caso o Ibovespa apresente queda de mais de 10% em relação ao fechamento do pregão anterior. Nesse caso, as atividades são interrompidas por meia hora;
  • após esse período e durante a reabertura das atividades, se o índice continuar a despencar e alcançar uma queda de 15%, a interrupção é feita novamente por 1 hora;
  • passado esse período e com o retorno das atividades, se a melhora não acontecer e a porcentagem de queda atingir 20%, a bolsa decide qual será o tempo de suspensão das operações.

Essas regras são encerradas quando faltam 30 minutos para o fechamento do pregão e não podem ser aplicadas novas regras nesse tempo final. Se uma paralisação intensa na reabertura do mercado ocorrer, o período pode ser prorrogado.

Vale destacar que a bolsa de valores é sempre a grande responsável por acionar o mecanismo de acordo com as necessidades e o andamento das atividades diante da situação enfrentada.

Como funciona o acionamento do circuit breaker?

Como você viu, existem três gatilhos que fazem com que o circuit breaker seja acionado na bolsa de valores. Portanto, ele funciona de acordo com a queda do Índice Ibovespa e apresenta um tempo de pausa que varia conforme a situação.

Além disso, o circuit breaker funciona para todas as operações da bolsa de valores, e não apenas para o mercado de ações. Essa é uma característica importante desse instrumento, afinal, existem outros ativos e derivativos negociados.

Um ponto interessante é que, em geral, quando a porcentagem de queda chega a 20%, a paralisação nas negociações na bolsa ocorre até o dia seguinte. Assim, o mercado tem mais tempo para se recuperar e os investidores podem se tranquilizar durante o período.

Quais são as vantagens desse mecanismo?

Após entender o que é o circuit breaker, vale conhecer as vantagens do mecanismo para o investidor. A primeira é a possibilidade de avaliar os fundamentos em curto, médio e longo prazo. As pausas que ele proporciona são justamente para que os investidores evitem tomar decisões precipitadas.

Dessa maneira, a racionalidade pode predominar, evitando decisões equivocadas. Ademais, todas as ordens de compra e venda automáticas são canceladas para proporcionar um maior controle desse cenário. Essa também é uma alternativa para prevenir grandes prejuízos.

Logo, caso você queira se desfazer de seus papéis, deve submeter novamente todos os ativos para venda. Por fim, é importante ressaltar que o instrumento ainda tem uma função de cunho psicológico.

Ele ajuda a conter o pânico dos mercados, de modo a driblar bolas de neve que podem surgir diante do cenário de crise. Assim, é possível estabilizar da melhor forma possível os momentos mais críticos e preocupantes evitando agravar a situação.

Que tipo de investimento é impactado?

Você já aprendeu que circuit breaker pode ser acionado para qualquer operação da bolsa. Então é importante ressaltar que ele não é exclusividade de um tipo específico de investimento. Tudo varia de acordo com a situação e com as iniciativas tomadas pela bolsa de valores para realizar as pausas.

Sendo assim, é muito importante acompanhar com cautela o que está acontecendo e se manter preparado para qualquer possibilidade que possa interferir em suas operações.

O histórico circuit breaker na Bovespa

O circuit breaker não é novidade no mercado brasileiro. Porém, se você é um investidor iniciante ou conhece pouco da história da bolsa, talvez não tenha acompanhado o histórico de travas nas operações.

Aprenda sobre as situações que levaram ao acion

amento do circuit breaker na bolsa brasileira:

1997

O primeiro circuit breaker no Brasil foi acionado em outubro de 1997, quando a bolsa de Hong Kong caiu 10,4% e derrubou também outras bolsas de valores pelo mundo. No mercado nacional, a paralisação das atividades aconteceu em três dias diferentes.

1998

Após a crise originada em Hong Kong, a Rússia passou por um problema financeiro. Na época, o país chegou a anunciar que não teria dinheiro para honrar com suas dívidas internas e externas.

Os efeitos da crise foram sentidos em todo o mundo. A perda da bolsa de valores brasileira chegou a US$ 30 bilhões e as atividades tiveram que ser paradas em cinco momentos diferentes.

1999

A mudança do registro cambial foi a grande responsável pelo problema financeiro que ocorreu no Brasil em 1999. Na época, o real passou por um importante período de desvalorização e o Banco Central precisou negociar dólares no mercado futuro.

Um dos resultados desse processo foi a queda das ações na bolsa de valores. Foram registrados dois circuit breakers, um em cada dia.

2008

A crise dos subprimes foi uma das maiores da história. Ela ocorreu nos Estados Unidos e levou à falência de muitas empresas. Os reflexos da crise foram sentidos em todo o mundo.

Naquele ano, a bolsa de valores brasileira acionou o circuit breaker seis vezes no total, sendo que duas delas ocorreram no dia 6 de outubro.

2017

Em maio de 2017, a delação de Joesley Batista, dono da JBS, abalou o mercado financeiro nacional. O empresário lançou uma gravação que denunciava o presidente da República da época — Michel Temer.

Isso impactou negativamente a bolsa. A Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), por exemplo, viu suas ações despencarem mais de 40%. Muitas outras empresas tiveram grandes perdas. Como consequência, as negociações foram interrompidas por 30 minutos.

2020

O contexto mais recente ocorreu em março de 2020, com a crise mundial causada pela pandemia de coronavírus. Ainda, a queda no preço do petróleo causou grande impacto na bolsa de valores do Brasil. Como resultado, o circuit breaker foi acionado seis vezes em um período de dez dias.

Circuit breaker x leilão de ações: quais são as diferenças?

Circuit breaker e leilão de ações são mecanismos que atuam como respostas automáticas da bolsa de valores. No entanto, eles têm funcionamentos diferentes e não devem ser confundidos.

Nesse sentido, o leilão de ações também é um mecanismo de proteção para os investidores. A grande diferença é que ele é mais utilizado para ações individuais. Outro ponto de distinção é a duração: normalmente, o leilão dura 5 minutos, podendo se estender por igual período.

Durante a pausa, a bolsa continua monitorando as atividades de compra e venda. Contudo, elas só acontecem quando as ofertas se encaixam, de forma a evitar as oscilações bruscas de preços.

Da mesma maneira que ocorre com o circuit breaker, existem algumas regras para que o leilão de ações seja acionado. Primeiro, é necessário haver queda ou alta do papel a partir de 10%, comparado ao fechamento do dia anterior ou em relação ao preço de abertura do dia.

O mecanismo também é ativado se a ação oscilar entre 10% e 19,99% em relação ao último preço antes de ir a leilão.

O que fazer após o circuit breaker?

Se você negocia na bolsa de valores, está sujeito a passar por uma situação de circuit breaker. Caso isso aconteça, o primeiro passo é manter a calma. A volatilidade da renda variável pode causar desespero e medo até nos investidores mais experientes.

Por isso, é muito importante ter estratégias de investimentos e manter-se fiel a elas. Ter uma carteira diversificada, por exemplo, permite que você tenha ativos que podem se beneficiar da queda da bolsa.

Esse é o caso dos investimentos atrelados ao dólar, por exemplo. Assim, podem aparecer oportunidades para ajudar a equilibrar os seus resultados mesmo quando o Ibovespa está em queda acentuada.

Como se proteger em tempos de crise?

Muitos investidores, em especial aqueles que são iniciantes, acabam tomando decisões equivocadas quando o mercado passa por um grande estresse. Um exemplo foi o que ocorreu diante da preocupação mundial com a disseminação da pandemia de Covid-19 — ou coronavírus.

Com a economia pausada durante a quarentena, que forçou a paralisação do comércio, o mercado ficou extremamente volátil e instável. E o circuit breaker foi acionado no mês de março de 2020.

Em situações assim, é preciso se proteger. Por exemplo, é essencial verificar se seus investimentos estão alinhados com sua aversão ao risco, para ver até onde você se sente confortável para mantê-los. Além disso, é interessante evitar investir na bolsa com foco no curto prazo.

Aproveite também para se preparar para um cenário econômico de instabilidade. É claro que o desejo dos investidores será por uma recuperação rápida do mercado, mas nem sempre é isso que acontece. Inclusive, a questão pode se agravar.

Então acompanhe o mercado financeiro, esteja atento a orientações de profissionais da área e garanta que seus investimentos possam resistir a um colapso. Afinal, o circuit breaker pode acontecer de novo.

Sendo assim, o mais indicado é sempre ter calma perante um mercado em constante agitação. E, por fim, manter-se fiel à sua estratégia de investimentos.

Conclusão

Entender o que é circuit breaker e quando ele é acionado é essencial para saber como agir e o que esperar do mecanismo. Também é importante ter em mente que situações de queda podem ocorrer na bolsa de valores. Por isso, antes de investir em renda variável, sempre considere o seu perfil e objetivos pessoais.

E então, conseguiu tirar todas as dúvidas sobre o assunto? Se conseguiu, não deixe de compartilhar esse post em suas redes sociais para que outros investidores também se informem sobre o mercado!

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Fonte: btg


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