Você sabia que, entre 2019 e 2020, mais de 2 milhões de investidores entraram na bolsa de valores brasileira, a B3? Isso pode indicar um nível de amadurecimento do mercado, o que chama a atenção das empresas. Entretanto, para que seja possível disponibilizar suas ações para negociação, elas precisam realizar o chamado IPO.

O processo tem se popularizado tanto entre companhias quanto entre investidores. Prova disso é o fato de os IPOs terem movimentado R$ 117 bilhões em 2020 e R$ 66 bilhões no primeiro semestre de 2021. Contudo, antes de se expor a essas oportunidades, é necessário saber como ela funciona.

Neste artigo, você descobrirá quais são os pontos essenciais do IPO, como ele funciona e como investir. Confira!

O que é IPO (Oferta Pública Inicial)?

Sigla para Initial Public Offering, O significado de IPO pode ser traduzido como oferta pública inicial. Trata-se de um procedimento por meio do qual uma empresa passa a ter as suas ações negociadas na bolsa de valores. Esse processo também é conhecido como abertura de capital.

Além das empresas, os fundos de investimento imobiliário (FIIs) também realizam IPO, pois têm as cotas negociadas na bolsa. No entanto, para facilitar a compreensão do tema, este artigo se concentra em IPO de ações.

Qual é o objetivo do IPO?

A principal finalidade de um IPO é fazer a abertura de capital de uma empresa, que passará a ter seus papéis negociados na bolsa. Porém, o processo também envolve outros objetivos e benefícios que podem ser aproveitados tanto pela companhia quanto pelos investidores.

A seguir, veja outras finalidades comuns da abertura de capital!

Lucro para os acionistas

Um dos aspectos interessantes sobre o IPO é que ele pode servir para que os sócios obtenham lucros mais significativos com a empresa. Na prática, quem detém participação na companhia pode ter ganhos com a abertura de capital, em especial se os papéis passarem por valorização.

Afinal, os sócios são como acionistas originais e passam a deter parte das ações de empresas. Com a estreia na bolsa e o potencial crescimento do preço de negociação, é possível se beneficiar do movimento e obter retornos.

Um exemplo desse efeito pode ser encontrado em Jeff Bezos, fundador da Amazon e o homem mais rico do mundo em 2021, conforme a lista da Forbes. Uma parte significativa de sua fortuna deriva da quantidade de ações que ele detém da Amazon, que se tornou uma das maiores empresas do mundo.

Ampliação de liquidez

Mais que gerar lucros para quem participa do negócio, o IPO serve para aumentar a liquidez em relação ao patrimônio. A partir da negociação de ações, torna-se mais fácil negociar a participação na companhia, convertendo-a em dinheiro.

Ainda, a liquidez funciona como um elemento de atração de outros interessados. Quanto maior for o volume de negociação dos papéis na bolsa, maior poderá ser o interesse dos investidores. O processo também viabiliza o desinvestimento de investidores estratégicos.

Mais visibilidade para o negócio

A melhoria na imagem também pode estar entre os objetivos de uma empresa que decide abrir seu capital. A ideia é conseguir maior exposição da marca e, assim, atrair mais interessados. Também pode ser uma maneira de se consolidar no mercado ou de se diferenciar dos concorrentes.

O motivo para isso é o fato de a oferta de ações ser pública. Como a comunicação ocorre de maneira ampla, pode ser uma solução para o negócio que deseja ter exposição a todo o mercado financeiro.

Dependendo do desempenho na estreia na bolsa, o processo também pode ajudar a melhorar a percepção sobre a marca. Como consequência, a empresa pode conquistar resultados mais favoráveis à companhia ao longo do tempo.

Possibilidade de expansão do negócio

Outro ponto interessante consiste na expansão da empresa que passa a ter ações negociadas na bolsa de valores. Assim, a melhoria na imagem e o aumento da visibilidade são critérios complementares e que ajudam a alcançar esse objetivo.

Porém, o principal fator para a expansão envolve a captação de recursos. Por meio do IPO, a empresa obtém recursos que podem ser usados em diversas operações, como no pagamento de dívidas, no reforço de caixa ou no financiamento de projetos.

Tudo isso acontece pela cessão de parte do negócio aos acionistas e pode ser determinante para a continuidade ou para a evolução do negócio.

Reforço da governança

Como você verá adiante, uma empresa deve passar por um longo processo de adaptação aos critérios de transparência e governança da bolsa de valores antes do IPO. Isso é importante para que os investidores possam fazer análises qualificadas para embasar as decisões sobre os aportes.

Embora isso exija preparo e investimentos por parte da empresa, pode gerar efeitos positivos em relação à governança. Isso porque o negócio terá uma estrutura que pode ser mais facilmente controlável.

Ainda, ele trará mais transparência em todos os níveis da organização. Como consequência, pode ajudar na conquista e manutenção de resultados positivos.

Prospecção de profissionais qualificados

Um possível efeito secundário da abertura de capital é o aumento da capacidade de atrair profissionais mais qualificados. Isso tende a acontecer, especialmente, para executivos e ocupantes de cargos da alta diretoria.

O motivo envolve a oferta de ações da empresa como parte do pagamento ou como uma bonificação de desempenho. Se o negócio apresenta bom potencial de crescimento e usa as ações como benefícios, é possível que profissionais mais qualificados queiram ocupar as vagas.

Isso ajuda a diminuir o tempo de preenchimento das posições, favorece o aumento da permanência dos profissionais e estimula a melhoria na performance. Como consequência, a tendência é criar um ciclo positivo de desempenho para a empresa.

Como funciona o IPO?

Em relação ao funcionamento, o IPO é um processo que consiste em diversas etapas. Na prática, ele prevê a transformação do negócio em certos pontos para que ele se torne mais alinhado com os requisitos para negociação na bolsa de valores.

Cumpridos os trâmites burocráticos, o IPO, propriamente dito, leva à primeira negociação de ações da empresa na bolsa de valores. Portanto, ele funciona com base na mudança da estrutura de capital social, tornando-o aberto.

Quais são os tipos de IPO?

Embora todo IPO corresponda à disponibilização de ações de empresas para venda, existem outras ofertas públicas que podem acontecer. No entanto, elas não são classificadas como IPOs. Para entender melhor essa dinâmica, é importante entender o que são ofertas primárias e secundárias.

Confira!

Ofertas primárias

Uma oferta primária acontece sempre que a empresa emite as ações e lança no mercado. Quando é a primeira negociação, trata-se do IPO. Porém, também pode haver o follow-on primário. Nesse caso, a empresa emite novas ações no mercado, aumentando a base de acionistas.

Ofertas secundárias

Por outro lado, também existem ofertas secundárias de ações. Elas acontecem quando um sócio decide vender sua participação no mercado, ampliando o número de ativos disponíveis na bolsa. Então, o dinheiro não segue para o caixa da empresa, mas para o sócio que se desfaz da participação.

Quais são as etapas do IPO?

Para que o IPO aconteça, a empresa interessada em realizá-lo precisa passar por um longo processo, que pode levar vários meses, inclusive superando um ano. Todo o procedimento também envolve custos, desde taxas operacionais a pagamento de honorários e comissões.

Quer entender melhor todo o processo? Veja quais são os principais pontos de um IPO e saiba como uma companhia se prepara para entrar no mercado de ações!

Planejamento

Devido à complexidade do IPO de ações, as empresas precisam ter um plano completo quanto à execução de cada etapa. Sendo assim, tudo tem início com um planejamento interno a respeito do procedimento, o que costuma envolver a definição de uma equipe responsável pela tarefa.

Nesse momento, são levantados os custos e as exigências, para que a empresa possa se adequar. Afinal, para viabilizar a abertura, pode ser necessário realizar mudanças operacionais ou adaptações de governança, por exemplo.

Auditoria

Uma fase relevante da abertura de capital e da contínua negociação na bolsa é a divulgação de dados financeiros. Eles servirão como base para que os investidores avaliem a oportunidade. Portanto, as informações devem ser totalmente confiáveis.

Diante disso, a empresa deve fazer um levantamento completo de dados e realizar auditorias. Nesse sentido, uma equipe externa e independente será capaz de identificar possíveis falhas ou fraudes nos balanços. Ela também é a responsável por atestar se tudo estiver apresentado corretamente.

Essa etapa de validação não ocorre apenas no começo do processo. Ela também pode ser feita em períodos mais próximos à estreia.

Apresentação ao mercado

Como forma de despertar o interesse no mercado, a empresa deve fazer uma apresentação da oportunidade de investimento. Muitas vezes, isso acontece junto a investidores institucionais, como fundos ou clubes de investimento.

Nesse caso, a companhia e os seus resultados são apresentados aos investidores com apoio da instituição financeira que auxilia o negócio nesse processo. Também é comum que executivos, diretores e/ou o presidente da empresa estejam presentes nos encontros.

Registro na CVM

Em relação às questões burocráticas, uma das etapas mais importantes é o registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Cabe à empresa se registrar como companhia aberta, pois isso permitirá que ela tenha suas ações negociadas na bolsa de valores.

Logo, para que o processo seja possível, é fundamental que a companhia observe as regras do órgão regulador, como apresentação da documentação completa.

Listagem na B3

Outra etapa burocrática é a listagem da empresa na bolsa de valores, a B3. Sem essa etapa, não há negociação das ações no pregão, mesmo que haja o registro na CVM. Esse passo também requer a apresentação de documentações diversas, que seguem o nível de governança do negócio.

Nesse momento, cabe à empresa escolher a qual nível de listagem deseja participar. Novo Mercado é o patamar mais elevado e faz exigências mais intensas em relação à governança corporativa.

Além de divulgar mais informações, a empresa também deve se ater a ações ordinárias, sem negociar ações preferenciais. Porém, existem outros níveis, sendo que cada um possui as próprias exigências.

Divulgação de prospecto

A próxima etapa essencial para o IPO é a divulgação do prospecto. Esse é um documento que serve como uma proposta. Para tanto, ele deve apresentar as condições do investimento, de modo que os investidores possam fazer análises para a tomada de decisão.

Nessa fase do IPO, são divulgados o prospecto preliminar e, depois, o definitivo. Eles trazem informações do negócio e do investimento, indicando como serão utilizados os recursos. Portanto, os documentos atuam como ferramentas de transparência.

Comunicação ao mercado

Como o IPO é uma oferta pública, é obrigatório que todo o mercado saiba sobre a oportunidade. Por isso, existe a comunicação ao mercado, que serve como um aviso a respeito do processo de abertura de capital.

Além de ser obrigatório para o processo, o passo pode ajudar a fomentar o interesse do mercado e atrair mais investidores.

Período de reserva

Após o mercado ser comunicado, inicia-se o período de reserva. Essa etapa é destinada a investidores não institucionais, para que eles possam definir quantas ações desejam adquirir. Esse processo é realizado na instituição financeira do investidor.

Normalmente, se o número de ações reservadas for menor que o total disponível, o IPO é suspenso. Quando a demanda é maior que a oferta, por outro lado, é feito um cálculo para redistribuir os papéis, conforme o interesse demonstrado dos investidores.

Bookbuilding

Já o bookbuilding é a etapa de construção do preço de venda de ações no momento de estreia. Ela costuma ocorrer junto ao período de reserva, mas envolve o preço que os investidores afirmam estar dispostos a pagar.

Esse processo serve para a empresa entender como o mercado percebe a oportunidade, o que orienta a escolha de um montante considerado atraente. Porém, os investidores que apresentarem disposição de pagar um preço menor que o efetivamente cobrado ficarão de fora do IPO.

Estreia na bolsa

Assim que todos os passos são cumpridos, a companhia está pronta para se tornar uma empresa de capital aberto. Isso acontece, oficialmente, no dia em que o IPO se concretiza na bolsa de valores.

Na data marcada, ocorre a primeira venda de ações da empresa nesse ambiente de negociação. Os investidores que fizeram a reserva efetivam a compra e, se o prospecto permitir, podem vendê-las no mesmo dia para outros interessados.

A partir de então, a companhia passa a fazer parte dos pregões da bolsa. Isso significa que os papéis integrarão o mercado secundário, ou seja, serão negociados entre os investidores, sem captação de recursos para a empresa.

Quais foram os maiores cases de IPO no Brasil

Ao longo de toda a história da B3, existem casos de IPO que se destacam, em especial pelo valor que arrecadaram logo na estreia. Porém, também é importante notar que o fato de uma empresa ter conquistado um IPO bem-sucedido não significa, necessariamente, uma oportunidade atraente de investimento.

Na sequência, você conhecerá IPOs que se destacaram — lembrando de que são apenas exemplos, não recomendações de investimento. Veja só!

Santander

No topo da lista está o banco Santander, trazendo um exemplo da dominância das empresas do mercado financeiro entre as maiores estreias da bolsa. A abertura do capital aconteceu em 2009 e levou a uma captação de R$ 13,1 bilhões.

BB Seguridade

O BB Seguridade é controlado pelo Banco do Brasil e oferece produtos relacionados a seguros diversos. Sua chegada na bolsa foi em 2013 e conquistou uma captação de mais de R$ 11,4 bilhões.

Rede D’Or

No setor de hospital e saúde, a Rede D’Or apresentou o melhor IPO e se posicionou como o terceiro maior da história da B3. Essa abertura captou R$ 11,4 bilhões, o que tornou essa estreia o maior IPO de 2020.

Visanet

A Visanet realizou seu IPO antes de passar a ser chamada de Cielo. Assim, é mais um exemplo de empresa do mercado financeiro e aparece entre os maiores cases da B3. A estreia ocorreu em 2009 e arrecadou cerca de R$ 8,4 bilhões.

OGX

A OGX é uma empresa com atuação no setor de óleo e gás. O negócio passou por um longo processo de recuperação judicial e sofreu diversas transformações ao longo do tempo. Antes disso, entretanto, fez a estreia na bolsa em 2008 e captou R$ 6,7 bilhões.

Grupo Mateus

Depois da Rede D’Or, o Grupo Mateus fez a maior estreia de 2020. O grupo varejista também foi o maior IPO de uma empresa criada no Nordeste, com uma arrecadação de R$ 4,6 bilhões.

Petz

A Petz é uma rede de pet shops espalhados pelo Brasil e foi a primeira empresa do ramo a estrear na bolsa. A captação foi de R$ 3 bilhões em um IPO realizado em 2020. Esse é considerado um case de sucesso por ser uma oportunidade até então inédita.

Locaweb

No ramo de tecnologia, a Locaweb realizou seu IPO em 2020. A empresa, que inicialmente oferecia hospedagem de sites, passou a disponibilizar soluções digitais. Sua estreia arrecadou R$ 1,03 bilhão, mas é considerada um sucesso porque aconteceu pouco antes da crise causada pela pandemia.

Caixa Seguridade

No primeiro semestre de 2021, um IPO de destaque na bolsa foi o da Caixa Seguridade, a empresa de seguros da Caixa Econômica Federal. A oferta captou R$ 5 bilhões.

Raízen

Ainda sobre os IPOs de 2021, a Raízen se destacou no segundo semestre entre as estreias na bolsa. A companhia de biocombustíveis captou R$ 6,9 bilhões e, até agosto de 2021, tinha sido o maior IPO do ano.

Multilaser

No segmento de tecnologia, a Multilaser chegou à bolsa de valores em 2021. A empresa conseguiu arrecadar R$ 1,9 bilhões em sua estreia, sendo um dos destaques do segmento.

Ademais, existem as empresas que decidem abrir seu capital em mercados estrangeiros, com destaque para os Estados Unidos. É o caso da Vasta, que fez seu IPO em 2020 na Nasdaq, bolsa dos Estados Unidos. Ao total, levantou mais de US$ 400 milhões.

Vale destacar que é possível encontrar empreendimentos que se destacam atualmente e pretendem fazer IPO futuramente, como o PicPay. Com o desenvolvimento do mercado, novos cases de sucesso podem surgir sobre o assunto.

Como investir em um IPO?

Caso você tenha interesse em investir em um IPO é fundamental, antes de tomar a decisão, identificar seu perfil de investidor. O mercado de ações tem um risco mais elevado, então é preciso estar preparado para assumir tais condições.

Entre as classificações, investidores moderados e arrojados costumam estar mais alinhados com esse tipo de alocação. Também é importante entender quais são seus objetivos financeiros. O investimento em ações tende a ser mais adequado ao longo prazo, em especial um IPO.

Afinal, será preciso aguardar um período de maturação do negócio e de seus papéis no mercado para aproveitar o seu desempenho. Logo, é interessante ter objetivos alinhados a esse tipo de prazo.

Outra dica importante antes de investir em IPO é usar a análise fundamentalista. Embora não seja possível utilizar certos indicadores, como aqueles que dependem do preço de uma ação que já é negociada, existem outras ferramentas disponíveis.

A avaliação de balanços e relatórios, por exemplo, é um bom ponto de partida para entender se o negócio apresenta um bom potencial no longo prazo. Também é indispensável considerar, em detalhes, todas as informações apresentadas no prospecto.

Após selecionar a companhia na qual deseja investir, busque uma instituição financeira, como um banco de investimentos. É por meio dessa estrutura que você terá acesso às etapas do IPO, como o período de reserva e o bookbuilding.

Por fim, no dia da estreia, é preciso confirmar a emissão de ordens de compra dos papéis. Após o prazo de liquidação, as ações passarão a fazer parte da sua carteira.

Conclusão

Como você viu, o IPO é o processo de abertura de capital de uma empresa na bolsa de valores. Logo, ele pode trazer oportunidades para quem deseja participar do mercado de ações. Porém, é preciso fazer uma boa análise da companhia — bem como de seu perfil e objetivos — para tomar uma decisão mais segura.

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Fonte: btg


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